Portuários
de todo o País estão programando uma greve em protesto contra a
ação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no porto da
Suape, em Pernambuco. O presidente da Federação Nacional dos
Estivadores, Wilton Ferreira Barreto, afirmou nesta terça-feira, 9,
que categoria está revoltada com a atitude do governo de monitorar o
movimento sindical e pretende parar nesta ou na próxima semana.
Identificado
como “Ordem de Missão 022/82105”, de 13 de março de 2013, o
ofício encaminhado a superintendências da Abin em 15 Estados
litorâneos traz em destaque o alvo dos agentes: “Mobilização de
Portuários”. O GSI confirma a autenticidade do documento.
Vazou na imprensa a vigilância da
Agência Brasileira de Informações (Abin), cria direta do SNI.
(Serviço Nacional de Informações) da ditadura militar. Na mira,
sindicalistas de duas centrais (Força e CUT), da Federação
Nacional de Estivadores e de correntes sindicais. Entre estes,
militantes da Unidade Classista de Santos. Ainda que desmentidos
estejam sendo feitos, a Ordem Missão 022/82105 é autêntica como
vem noticiando o jornal O Estado de São Paulo.
O vazamento das informações pode
ser intencional como meio para intimidar sindicalistas. Se tinhamos o
assédio moral e sexual, o governo Dilma inaugura o assédio político
em grande estilo. De qualquer modo, é um método autoritário, pois
nada está sendo feito pelos portuários do país senão a utilização
do legítimo direito de defender seus interesses trabalhistas.
Em Santos, se o clima entre os
portuários indicava forte disposição para a deflagração de uma
greve, este sentimento se fortalece e ganha outros importantes portos
do país. Ao adotar meios repressivos para conter o movimento
portuário contra a medida provisória que sob a proclamação de
‘modernizar os portos’, prevê a precarização de direitos aos
trabalhadores dos cais, o governo Dilma começa a revelar até onde
pode ir chegando a iniciar o uso de mecanismos herdados da falecida
ditadura militar que parecem ser mais do que um fantasma como alguns
poderiam pensar. O braço repressivo do estado não foi desmontado
após a democratização, está vivo e atuante e, pelo o que tudo
indica, serve bem ao governo federal.
Seria um absurdo pensar que por
amadorismo a notícia da vigilância vazou. Podemos computar o
vazamento à permanência dos que professam saudades do autoritarismo
que dominou o Brasil de 1964 a 1985. Inclusive, os fascistas e seus
asseclas estão colocando “as manguinhas de fora” há um bom
tempo, basta ver as ameaças à OAB por conta da Comissão da
Verdade, e as ameaças recentes ao PCB. Não podemos ficar pensando
que sejam pequenos grupos tresloucados ainda que o sejam. Vivemos a
perda e precarização de direitos trabalhistas, a criminalização
dos movimentos sociais, a propaganda fascistóide cotidiana nos meios
de comunicação que exaltam a utilização da força, a pena de
morte e transformam ilegalidades em ações ‘para o bem estar da
sociedade’.
O estado brasileiro vem
transformando a questão social em cada vez mais uma questão
policial, repetindo a política preventiva das elites que se
sucederam na história nacional.
Os portuários têm o legítimo
direito de deflagrarem uma greve nacional contra os desmandos do
governo Dilma. Se pensarmos que o PT transita apenas para a
colaboração de classes, vemos que caminha para uma vertente que não
só contradiz sua origem, mas também, volta decisivamente suas
costas aos trabalhadores que diz defender e anda cada vez mais
próximo da repressão explícita dos movimentos popular e operário.
De bombeiro das lutas dos trabalhadores caminha para a traição, já
não tão envergonhada, compondo-se ao grande capital cada vez mais.
Somos solidários aos portuários e
exigimos a apuração e a denúncia às comissões internacionais de
direitos humanos sobre os atos abomináveis do governo brasileiro.
Corrente Sindical Unidade Classista
do Estado de São Paulo - UCSP
10 de abril de 2013