sábado, 5 de março de 2016

Derrotar a ofensiva capitalista e construir uma alternativa de poder dos trabalhadores



A tradicional receita burguesa de distribuir seletivamente, com suporte do Estado, os prejuízos decorrentes das recessões econômicas é um filme muito repetido no último século. Sua reapresentação em 2015 arrasta-se até hoje em diversos países, submetendo a classe trabalhadora e os povos em geral a uma piora brutal das condições de vida.

No Brasil, após o início do 4º governo consecutivo do PT, a maioria da população sente na prática que projeto de “crescimento econômico com inclusão social e distribuição de renda” era uma ilusão passageira. Se foi possível governar por alguns anos administrado o capitalismo na perspectiva da conciliação de classes e mantendo a popularidade, com o esgotamento das condições econômicas favoráveis tudo o que era sólido se desmancha no ar.

O aprofundamento do ajuste fiscal e a campanha por mais uma contrarreforma da previdência deixa claro que a troca de peças em ministérios por si só não altera os rumos de um governo que só está em disputa para as frações da classe dominante. Enquanto isso, grandes empresas que sempre desfrutaram de renúncias fiscais, financiamento do BNDES e outros subsídios pagos com dinheiro público oferecem as demissões em massa como contrapartida.

A luta de classes, portanto, se acirra, proporcionando um primeiro bimestre movimentado. Em Campinas e Hortolândia, operários ocuparam as plantas da Mabe; em Volta Redonda, vem se organizando um fórum de resistência contra as demissões na CSN e a ofensiva nacional do Cartel do Aço; trabalhadores do teleatendimento, aeroviários e aeronautas protagonizaram paralisações nacionais; em Goiás os estudantes ocupam escolas enfrentando o projeto tucano e a repressão, como ocorreu em SP; no Rio de Janeiro, profissionais da educação anunciaram greve para 2 de março, apontando para uma greve geral dos servidores estaduais. Muitas lutas eclodem, demandando um salto de qualidade que pressupõe coordenação e unidade do movimento sindical e popular.

A Unidade Classista vem realizando esforços nesse sentido, como a participação na última Plenária Nacional do Espaço de Unidade na Ação no mês de janeiro. Entretanto, insuficiências no método de construção do consenso e a imposição de palavras de ordem com as quais não concordamos mais uma vez nos impedem de assinar a Declaração Política ali aprovada. Temos acordo com grande parte da análise contida no documento, todavia ele cai numa contradição que não podemos ignorar.

O texto começa apontando corretamente a tendência de aprofundamento da crise e a permanência, na superestrutura política, da polarização entre dois blocos burgueses representados por PT e PSDB. Deste modo, os trabalhadores se deparam com o desafio de construir de uma alternativa de poder. Porém, mesmo constatando que se trata ainda de um desafio, a declaração defende a saída de Dilma, confundindo o combate ao seu governo com o combate ao seu mandato.

Pretendendo ser avançada, esta bandeira reivindica indiretamente oimpeachment numa conjuntura em que uma alternativa dos trabalhadores, apesar de urgente e necessária, ainda não está colocada. Na prática, relacionada à linha política de setores que agora defendem a convocação antecipada de novas eleições gerais no Brasil, esta formulação busca traduzir na realidade nacional, guardadas as devidas proporções, a mesma lógica que se provou equivocada na defesa da aliança com o imperialismo para derrubar o governo sírio; que chamou de revolução popular a ascensão do fascismo no Ucrânia; que alimentou esperanças no Syriza, hoje protagonista das “políticas de austeridade” na Grécia; que aplaudiu a atuação da blogueira mercenária Yoani Sánchez contra o socialismo cubano.

A Unidade Classista acredita e trabalha pela unidade dos trabalhadores.
Contudo estamos convencidos de que isto não se constrói jogando divergências profundas para baixo do tapete. Continuaremos nos esforçando pela unidade na ação: propomos um grande 1 de maio dos trabalhadores contra a reforma previdenciária e trabalhista de Dilma, as demissões, as terceirizações, a privatização das empresas e serviços públicos; nenhum emprego a menos; pela readmissão dos demitidos; pela saúde, educação e previdência públicas; pela estatização de empresas que descumprem a legislação trabalhista e ambiental.



Mais do que nunca precisamos estar presentes em cada enfrentamento dos trabalhadores com os patrões e governos, construindo cada greve, cada mobilização local e articulação nacional na perspectiva de derrotar a ofensiva geral do capital e a conciliação governista, construindo uma alternativa de poder dos trabalhadores e do povo no Brasil que se some ao fortalecimento do poder popular na América Latina e no mundo. 

Coordenação Nacional da Unidade Classista

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